domingo, 13 de maio de 2007

Nem pior, nem melhor, diferente.

Mas acho que sou pior.
Pior porque não consegui me adaptar.
Pior porque não consigo me sentir melhor que outro, apenas por possuir uma roupa cara, um celular com câmera ou um carro com milhões de cavalos.
Pior porque não consigo seguir tendências de massa e acabo isolada.
Todos são felizes na ignorância, gastam o que não tem, dançam no escuro, conseguem não sentir remorso com a fome de crianças mais carentes, aceita. Dormem felizes. E tantas noites minhas são mal dormidas.
Sou pior porque vejo que a novela não retrata um país desigual e não conseguir assistir, pior por não conseguir ser entretido por bundas rebolantes, e programas de fofoca.
Pior por acreditar que o homem pode mudar sim, a realidade.
Pior porque possuo idéias de igualdade, e isso também me exclui, cada um quer o seu, custe o que custar.
Pior por não sorrir com exterioridades, de não achar normal o cotidiano, não achar “legal” ser fútil, mas talvez se fosse me tornaria mais feliz, é o que parece quando velo eles.
Sou pior porque vejo todos felizes sem se importar, sendo humilhados no trabalho, sendo esvaídos de sua juventude dia à dia em fabricas e comércios. E, apesar disso, no fim do mês, libertam um sorriso ao verem seus salários; e compram mais coisas das quais não precisam em sua vida. E ninguém se importa com o aquecimento global, nem com a Amazônia, e nem com eles mesmos! E sou pior porque parece que só eu vejo!
Pior porque não concordo com Darwin, mas admito que não me adaptei; e o mundo é que me consome, jogando-me na solidão, me deixando mais confusa de estar certa ou não. Justo eu que achava que os fracos deveriam ser amparados por quem tem sei lá o que a mais. Sou pior porque só sería totalmente feliz em um mundo onde inexistiria desigualdade, ignorância e terceirização de culpas; onde cada ser, saberia o que é relevante; sem guerras, sem fome e principalmente sem aceita-lás como meros fatos do cotidiano. Mas são felizes, justamente, por não se sentirem culpados, por não terem a responsabilidade de ser parte de um todo, por não saberem que são fatores preponderantes de mudança desta mesma realidade... enfim são felizes e eu não.
Não me conformei com isso e por isso continuo sendo pior.