domingo, 6 de dezembro de 2009

Basta olhar.

A idéia do vazio me amedronta. O escuro total. A folha em branco. O momento que não há nada na tevê. O livro que não te prende. O amigo que não escuta. A comida que não nos enche. As memórias com seus traumas. A falta do que não se conhece. É o ócio te comendo viva. Quando não há energia no corpo, então só se usa a mente. Mas a mente é o que dizem. Sempre maldosa relembrando-nos os fatos. Deixando assim o medo da realidade definitiva.
O mais triste é perceber o quão ligados estamos com o nosso corpo. Os nossos sentimentos transcedem. E nesses momentos é a tristeza que cola na superfície da pele, trasbordando fragilidade e os olhos nos delatam. Mostram todos esses sentimentos em um olhar..

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Me desculpe a negatividade.

Esses dias eu fui comprar um livro. Entrei na livraria para procurá-lo e passei os olhos por todos aqueles livros de auto-ajuda com aqueles títulos bem grandes, normalmente em vermelho e sugerindo algo como: "Quer perder peso?", Você conhece a raça masculina?" ou "Você sabe ser feliz?" E este último me pegou. Não peguei o livro para dar uma folheada. Pois acredito que esses tipos de livros são feitos só para ganhar dinheiro de pessoas que estavam mal em algum momento. Mas tenho que admitir, aquele título me pegou pelos calcanhares. Se eu sei ser feliz? Perguntei para mim mesma. Eu tento levar uma boa vida. Será que isso me faz de mim uma pessoa feliz? Eu espero o final de semana para ver meus amigos e me divertir. Isso é felicidade? Sei lá, talvez a ansiedade da espera deixa o momento mais feliz. Eu também deixo para comer o que eu realmente gosto quando tenho dinheiro sobrando. E às vezes, não me sinto feliz com essa escolha. Eu guardo meus planos na mente, eles não são tão difíceis de alcançá-los. Quando dou de cara com eles, prefiro me afastar. Talvez, em alguns anos seja mais divertidos. E em alguns anos serei realmente feliz. Então, acho que tenho minha resposta. Não, ainda não sou feliz.
Acho que como todo mundo, eu espero o momento para ser feliz. Sempre ponderando um pouco aqui e ali. Evitando as expectativas, mas já vivendo a expectativa de não esperar nada. Nem mesmo de um livro de auto-ajuda que só ensina o que interiormente já somos.

sábado, 10 de outubro de 2009

Será que não há outro jeito? Precisamos mesmo fazer escolhas só com a fé? Por quê não podemos ter uma prévia do futuro? Claro que, não estou dizendo para sabermos exatamente o que vai acontecer, mas talvez uma ajudinha ou uma dica. Talvez não erraríamos tanto, com isso seríamos pessoas melhores, talvez até mais felizes. Pense bem, na vida, toda escolha é um pulo no escuro.
Mesmo com 6 anos de namoro não podemos ter certeza que o casamento vingará. Uma proposta de trabalho com um ótimo salário não nos dará a certeza que no final isso nos satisfará. Um amigo de infância pode não ser para sempre seu melhor amigo.
É, desse jeito parece que nada é seguro, mas não é isso que quero mostrar. A questão é que mesmo com toda a nossa cautela e consideração, é inevitável que um dia uma escolha será necessária e metade dela será feita acreditando.

domingo, 6 de setembro de 2009

É estranho, mas só consigo falar das minhas emoções quando elas se foram. Bem, quando passou-se o calor da emoção. Acho que fico tão concentrada no que estou sentindo que não consigo fazer outra coisa. Percebo-me animal. Totalmente devotada ao que estou sentindo e ignorando a razão latindo dentro da minha cabeça. E então, depois de gritar as palavras que não deveriam ser ditas e me tornar vermelha pela natureza. Eu caio no silêncio. E em pouco tempo tenho meu controle de volta. O que me resta é a vergonha e o arrependimento. E o meu pedido de desculpas mal feito por meio deste texto.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Conto: Uma em duas

"Porque entre o sim e o não é só um sopro, entre o bom e o mau apenas um pensamento, entre a vida e a morte só um leve sacudir de panos - e a poeira do tempo, com todo o tempo que eu perdi, tudo recobre, tudo apaga, tudo torna tão simples e tão indiferente.".

Lya Luft em "O silêncio dos amantes"

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A questão dos dedos.

Estava olhando meus dedos agora pouco e percebi como foram modificados, não só pelos anos vividos mas com a minha mania de estrala-los todos os dias. Eles são gordinhos no meio, meu dedo mindinho parece até que é torto. Por um pedaço de tempo me bateu a tristeza. Pensei: O que é que eu fiz com os meus dedos? Nunca saberei como eles realmente são. Eu mudei o curso de tudo. O meu corpo poderia ter crescido totalmente diferente, talvez um pouco mais bonito. Pensei também no meu cabelo: que cor seria agora se não o tivesse pintado antes?
Comecei a perder a linha da razão. Tudo dentro e fora de mim são o resultados das influências externas. Talvez se o meu curso tivesse sido natural, eu me veria como realmente sou. Mas esse pensamento ainda não me satisfaz. Existe uma lacuna nele. Porquê se tivesse me mantido intacta, obedecendo a mim mesma e só a mim, que tipo de evolução teria tido eu? Ninguém vive sem escolhas ou sem nenhum tipo de ação, porque isso é o contrário de viver. Então, acho que é isso. Esses são realmente os meus dedos, meio feinhos, mas são meus. O meu cabelo é dessa cor que está e eu sou o que me tornei.

domingo, 24 de maio de 2009

É sempre meu passado se fazendo presente. E o dia que acaba se parece mais com ontem. E me distraio assim, fazendo mil planos, tomando pílulas, rezando baixo, porque eu sou otimista, eu acho.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A pressa.

Sempre foi difícil me colocar no lugar certo. No presente certo. Quando paro para pensar é sobre o passado ou o futuro. E na maioria das vezes, é no futuro que penso.Fico fazendo planos, me vendo através de outros exemplos, me poupando com o tempo que ainda nem chegou e vendo além do que ainda não foi. E então, quando o tão esperando tempo chega, não tive meu tempo de sofrer e sofro agora, que já não há mais tempo. Não me vejo mais como esperta ou madura por ter escolhido assim, e sim uma tola. Tola porquê me esforcei tanto para entender que tudo passa, que inconscientemente não sofri com o tempo. E agora me calo diante da dor, porquê nesse tempo presente, esta não é mais necessária.