domingo, 30 de setembro de 2012

Petróleo

A infelicidade me bate à porta.
Bate com foça, sem dó
Me olha de rabo e diz:
- Pensou que fosse se livrar de mim?

Olho pro espelho com olhos de quem não vê
Não quero ver o abismo de mim mesma
Não quero sentir a verdadeira cólera
E principalmente, não quero e não gosto de me ver nua

Tento colocá-las quetinhas debaixo do tapete
A infelicidade se zanga, a verdade não entende
Digo para elas que são desnecessárias
Eis meu otimismo que me abraça

A infelicidade retorna à porta
- Ei, você tem que passar por mim primeiro!
A confusão se estende por inteiro
Me vejo desarmada

Decido deixá-la entrar
Percebo-me folha branca, pensamentos negros
Turvos, confusos, brandos
Sinto o cheiro de tinta mudando
Espero o pensamento se tornar petróleo