quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Sororidade

Nesta semana tive um encontro corriqueiro, porém de abrir os olhos para o que não pode deixar de ser percebido.
Conversava com uma mulher que vai ser avó. Ainda com cara de menina, contou-me que teve seu filho com vinte e poucos anos, e agora ele mais ou menos com a mesma idade iria ser papai. Mas que "tudo bem", ela dizia. Pois ele faz faculdade em outra cidade e pra ele nada vai mudar.
Claro que pensei na hora na futura mamãe, que provavelmente não vai ingressar na faculdade e vai abdicar de outras coisas na vida.
Então voltei-me a para a avó e não consegui parabenizá-la. Afinal, ela me pareceu mais aliviada pela novidade não afetar a vida do seu filho do que feliz.
E o quão desigual é esta ideia de que se numa situação assim, o homem pode seguir com a sua vida e a mulher abdica de tudo só porque teve filho?
Calma, termine de ler antes de começar a me julgar. Sim, faço parte exatamente dessa maioria de novas mamães que por falta de opção ou por opção deixam de lado suas carreiras para poder cuidar de seus filhos. Nada de errado nisso, acredite, todas nós deveríamos ser Amélias por um tempo, chega a ser uma questão de sobrevivência.
Mas voltando ao que dizia, e se essa não for a sua vontade? Por que cargas d'água o homem não pode cuidar do filho em casa para a mulher retomar a vida se assim quiser.
A verdade é que o discurso da futura avó é muito comum. Não chegam a dar outras opções as mulheres, e o mais assustador é que na maioria das vezes isso é feito exatamente pelas próprias mullheres.  Essa mulher de quem escrevo, já tinha calçado os mesmos sapatos e, mesmo assim não se colocou no lugar da nora.
Dentro do contexto histórico é claramente um problema na visão machista que está enraizada entre nós. Mas não busco diminuir ou aumentar o papel do feminismo no século XXI e o problema que ainda existe da desigualdade entres os sexos.
Quero chamar atenção a outro problema, o da falta de amizade entre as mulheres. Não digo amizade de sentar e escovar o cabelo da amiga (e fofocar né), outro ponto machista aí... Mas sim de se colocar no lugar da outra. Assim como no exemplo acima, nos deparamos diariamente com a falta de união entre as moçoilas.
Seja aquele julgamento hipócrita da conduta sexual de outra, um sentimento de vitória porque o namorado de outra te paquerou, a fofoca automática sobre a colega que foi trabalhar sem maquiagem ou a manipulação impecável para que o seu filho faça o que você quer antes da sua nora descobrir.
Para nos entendermos mulheres, precisamos perceber nossos diferentes papeis na vida. Como malabaristas por natureza e uma força imensurável dentro de nós, somos capazes de ver a vida de forma delicada.
Por isso, devemos não só continuarmos nos proteger de velhas ideias, mas também devemos mais empatia uma com as outras.