quarta-feira, 5 de agosto de 2015

A história da DR sem fim

Não há desespero maior em saber que mesmo a mais alta das batidas de porta, não deixa realmente para fora o que se sente. Nem a frase mal pensada que você coloca como cereja no bolo pra justificar sua atitude também não funciona como ponto final de conversa. Por que entre você e outro, não há só um relacionamento, existe também uma residência. Assim, não há escapatória para a DR sem fim.
Esse fenômeno demora (ou não) para acontecer, pois num primeiro momento estamos muito felizes por estar morando com o ser amado. O quão empolgante é poder decorar sua casa conforme o gosto de... Bom, neste caso você acabou cedendo ao gosto do parceiro. Mas, e o quão gostoso é poder fazer cineminha em casa vendo aquele filme que...ZzZzz você acabou dormindo porque tinha que acordar cedo no outro dia. Ok, ainda tem a melhor parte: dormir de conchinha, abraçadinhos, aconchegadinhos um no outro, assim como propaganda de colchão que como você deve imaginar se dissipa depois de 20 minutos tentando ficar naquela posição. Por que é claro, você dorme de bruços e ele em posição fetal abraçado com o travesseiro e não com você.
Ainda assim, mesmo depois da água gelada na cara que desfaz o sonho da rotina perfeita, nós conseguimos remanejar a expectativa, até mesmo porque ninguém da conta de ser personagem feliz e bonito de propaganda de manteiga todo dia.
Todavia, o dia-a-dia de um casal dentro de casa, mostra não só como não poderíamos viver num conto de fadas, mas como seu parceiro não é príncipe do seu castelo. Então, às vezes, uma nova faceta aparece (importante frisar que já estava lá), sem avisar, deixando a cama por fazer, fazendo comida na madrugada (deixando a louça pra você), chamando pra conversar sobre o 'Oi' daquela garota no facebook ou pra discutir as contas às 22h, quando a única coisa que você quer na sua vida é o edredom.  E, é num dia desses, em que o diabinho do seu lado te dá todo os motivos que você considera importante para discutir o relacionamento.
No 1° round, alguém acusa, automaticamente o outro se defende. A batalha se estende quase sempre no 'Você isso...." e "Você aquilo...".
Pausa.
2º round: O acusado retorna, agora não mais para defender, mas sim para acusar. Por que assim como cabeça vazia é a casa do diabo, a pausa entre a briga é o momento perfeito pra lembrar daquela toalha molhada na cama da semana passada.
3° round: Existe sempre duas possibilidades para o final de uma briga: alguém cede porque quer ir dormir ou vão dormir brigados.
Pausa.
Quando o fenômeno não acontece perto da hora de dormir, você passa pela prova que é habitar a mesma casa, às vezes até o mesmo cômodo com quem você acabou de brigar. Então, você foi para um quarto tentar se acalmar, ansiando por ficar só, quando o parceiro entra pra pegar sua cueca porque vai tomar banho. Ou, você vai até a cozinha preparar algo para comer e como você não é um ser humano infantil (embora naquele momento gostaria de ser um animal irracional), é claro que oferece o que preparou para o o outro. E entre um desses momentos em que esbarramos com o outro para nos deslocar no mesmo lugar, surge a retomada de conversa.
Lá do chuveiro ele mostra outro ponto da conversa, entre o escovar dos dentes você dá o seu. Colocando seu pijama você se lembra de um exemplo que poderia usar, mas o parceiro diz que quer parar e descansar. Edredom abaixo, tom mais baixo de conversa, pés se tocando, vocês se aconchegando mais, e um dos dois diz bocejando: "Ah mô, você sabia que tava errado né".